Livro:
Crônicas do Cotidiano na Visão de um Psiquiatra – Volume II
Sobre o livro pelo autor Ruy Palhano
Caros amigos e amigas, é uma honra apresentar-lhes o segundo volume da série “Crônicas do Cotidiano na Visão de um Psiquiatra”. A exemplo do primeiro volume, este corresponde a uma coletânea de crônicas inéditas sobre diferentes temas, as quais foram publicadas em dois dos mais importantes jornais desse Estado: “O Imparcial” e “Jornal Pequeno”. Neste trabalho, afasto-me, de certa forma, das minhas atividades profissionais e mergulho de cabeça na arte de escrever, tratando sobre temas do meu cotidiano.
Já foram publicadas mais de 400 crônicas, as quais irão compor a série de livros. À proporção que as redigia, em seus respectivos tempos, fui desenvolvendo o gosto pela escrita, ao mesmo tempo em que percebia o quão importante é deixar nossas experiências registradas e compartilhá-las com alguém. Além do mais, fui percebendo que nós, em geral, escrevemos pouco sobre o muito que nos sucede.
Vejo que, em qualquer momento, a vida é um amontoado de acontecimentos que se sucedem uns aos outros e dão a nós um acervo enorme de experiências que a cada instante cresce e se acumula. Essas experiências configuram-se como um vasto material para se escrever e falar, porém, escrevemos pouco na vida.
O mais comum é que tais experiências acabem se perdendo na vida de cada um. Gasta-se, às vezes, tanto tempo com trabalho, lazer, ócio ou com trivialidades, que se deixa de lado o registro até mesmo desses fatos. Entristece-me ver que figuras notáveis da nossa época e de nossa história, que exerceram ou exercem papéis relevantes na vida social, pessoal, familiar e profissional, morrem e não deixam nada escrito sobre si, suas experiências ou sobre sua vida e sua obra. Quando queremos saber algo sobre elas, só restam lembranças e nada mais.
Rompo esse silêncio e me lanço de corpo e alma à arte de escrever, em que digo o que penso e sinto, de forma despretensiosa. Ao fazê-lo sou cauteloso, para não ferir o respeito que tenho pelo outro. Procuro, em cada um desses escritos, aproximar-me ao máximo da realidade dos fatos que me inspiram, e sobre eles penso, repenso, escrevo, reescrevo, até que, finalmente, acho que estão suficientemente prontos para publicação.
Neles, procuro não construir juízo de valor para que o leitor possa, a partir de sua interpretação, perceber livremente o que digo. Sou fiel aos meus princípios e só escrevo sobre aquilo que se encontra em plena consonância com minha consciência e quando tenho plena convicção de que não enveredei para o trivial ou para o comum.
Pesquiso e busco o sentido de cada crônica.
Contextualizo-as ao discorrer sobre os fatos que cercam o tema. Dou-lhes um título e as publico. Procuro sempre expressar minha visão sobre o mundo, sobre os outros e sobre a vida que levo e isso me dá as garantias de minha consciência crítica.
Nessa perspectiva, escrever me faz refletir sobre mim, minha época, meu tempo, sobre o contemporâneo e construir/desconstruir os flagrantes do cotidiano, o que tem sido prazeroso. Lamento que só depois dos cinquenta anos de idade é que minha verve de escritor desabrochou, muito embora hoje mais maduro, com os pés no chão e com mais responsabilidade, curto integralmente essa minha atividade. Escrever e compor as crônicas têm um sabor especial. Hoje, elas fazem parte de minha rotina e estão inseridas em minha intimidade, dando-me gás e prazer.
Crônicas do Cotidiano na Visão de um Psiquiatra – Volume II
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